Dados preveem o comportamento dos curitibanos no Natal e Ano Novo
Nesta terça-feira, 08 de dezembro, os casos cofirmados de Covid-19 em Curitiba são 87.050, sendo 13.780 ativos. 1.840 curitibanos foram a óbito por covid-19 desde o começo do ano. No dia 27 de novembro, o prefeito Rafael Greca decretou bandeira laranja, o que impede o funcionamento de bares, casas noturnas, estabelecimentos de eventos e de entretenimento. A medida também aumentou os horários de funcionamento de lojas, shoppings e feiras para evitar aglomerações nas compras de Natal.
Do dia 26/11 ao 04/12, esteve ativo um formulário online, próprio para essa reportagem, a respeito dos planos de Natal e Ano Novo dos curitibanos. Em tal pesquisa, foram considerados apenas residentes de Curitiba em 2020, não incluindo a Região Metropolitana. As informações abaixo foram extraídas do formulário de forma anônima e as porcentagens são aproximadas.
Grupo de risco
Segundo a projeção populacional desenvolvida pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), os idosos representam 16,4% da população curitibana. Entre os entrevistados para essa reportagem, 10,5% têm mais de 60 anos. Dentro desse grupo, 10% pretende viajar no Natal acompanhados por pessoas que não residem na mesma casa. Para o Ano Novo, são 25%. Somando os dois feriados, 60% dos idosos entrevistados vão entrar em contato com pessoas além das do convívio diário.
A partir da base de dados da Secretaria Municipal de Saúde, atualizada no dia 29/11, os idosos representam 10,6% dos casos confirmados de covid-19 em novembro. No entanto, eles representam 79,3% dos óbitos, registrando uma taxa de mortalidade de 10,8%. Tendo isso em vista, é preciso ter extremo cuidado em visitas aos pais e avós.
Ano Novo na praia
O Ano Novo 2020 conta com uma nova tradição: 7 ondas de covid-19. No ano passado, a Associação de Hotéis, Pousadas, Restaurantes, Bares, Casas Noturnas e Similares do Litoral Paranaense (Assindilitoral), previu que haveria 3 milhões de pessoas nas praias entre o Natal e o Ano Novo. Esse ano, a lotação de praias é problemática.
A infectologista Eliana Bicudo afirmou, em reportagem para o UOL, que Natal e Ano Novo são confraternizações com tradição de comer e beber, o que interfere no uso da máscara. Para quem vai à praia, o uso da máscara também é improvável - seja para tomar água de coco ou pegar um bronzeado. Tampouco espera-se o cumprimento do distanciamento social em praias lotadas.
Segundo o informe epidemiológico do dia 04/11, feito pela Secretaria de Saúde do Governo do Paraná, 3,5% da população do litoral do Paraná foram infectados pelo coronavírus (considerando os casos das cidades de Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná). A taxa de mortalidade nessa região é 2%. Na pesquisa realizada para essa reportagem, 14,61% planejam viajar no Natal. O destino é o litoral do Paraná para 32% desse grupo. No Ano Novo, o número sobe para 33%, dos quais 53% vão para o litoral do Paraná e 7% para o litoral de SC.
Até o momento, as medidas restritivas do litoral limitam-se a uso de máscara, distanciamento e toque de recolher. Espera-se que, chegando mais próximo do Natal, novas medidas sejam implantadas. Vale lembrar que Paranaguá é uma das cidades paranaenses com situação mais alarmante de lotação hospitalar.
E quem fica na cidade?
A maioria dos entrevistados permanecerá em Curitiba para os feriados - são 80% no Natal e 66% no Ano Novo. Contudo, não viajar não é sinônimo de estar seguro. Para o Natal, a previsão é de que 17% das famílias se reúnam com mais de 5 convidados, além dos residentes da casa. No Ano Novo, são 10%. Planejam se reunir com convidados, independente de quantos são, 53% no Natal e 48% no Ano Novo, quase metade dos entrevistados. O restante, comemorará o feriado apenas com os residentes da casa.
A partir da pesquisa realizada, prevê-se maior número de casos após os feriados nas regionais Fazendinha/ Portão, Matriz e Boqueirão, Boa Vista e Bairro Novo. No painel apresentado pela prefeitura de Curitiba, atualizado no dia 03 de dezembro, a Regional Boa vista é a que mais apresentou casos confirmados, enquanto as Regionais Pinheirinho, CIC e Matriz são as com maior taxa de incidência (proporcional ao número de habitantes). De todo modo, nenhuma regional está imune da pandemia. Confira abaixo o mapa das regionais por número de caso, criado a partir dos dados disponibilizados pela prefeitura.
Quanto ao atendimento dos doentes na capital, 4 dos 9 hospitais do SUS estão com UTIs lotadas. Hoje, são 26 leitos disponíveis, estando 96% dos leitos exclusivos para covid-19 ocupados. Estuda-se a abertura de novos leitos, mas, sem medidas mais rígidas, pessoas vão morrer sem receberem atendimento.
Fechamento das lojas
A movimentação econômica gerada pelo Natal é um dos motivos da resistência dos governantes em fechar o comércio. Os feriados, normalmente lucrativos para os pequenos negócios, mostraram prejuízo ao longo desse ano por causa da pandemia. A Páscoa pegou todos de surpresa - era início de pandemia, muitos tinham comprado o inventário, ainda não possuíam sistemas de entrega à domicílio e os shopping centers estavam fechados (do dia 09/03 ao 25/05, por decreto estadual).
O que esperar das vendas de Natal de 2020, então? Foi perguntado aos participantes da pesquisa se eles costumam comprar presentes, em quais locais fazem suas compras e quanto gastam, em média, com a ceia de Natal. Foi perguntado também sobre a pretensão de vendas no feriado. O infográfico abaixo mostra quais setores preveem vender mais ou menos em relação ao ano passado.
Os empreendedores participantes da pesquisa também informaram a necessidade de boas vendas no feriado. Entre eles, 20% dependem das vendas de Natal para garantir a renda familiar e 40% começou a trabalhar com isso apenas esse ano, provavelmente em decorrência das dificuldades financeiras da pandemia. Em 2020, se você puder, compre presentes para seus familiares e amigos no comércio local.
Um apelo à população
Os dados apresentados acima geram preocupação para um agravamento da pandemia em Janeiro de 2021. É compreensível a vontade de todos de passar os feriados com as pessoas que amam. Muitos ficaram afastadas ao longo do ano e o Natal costuma ser o momento de encontro e celebração. É comum pensar que o risco vale a pena, não ter medo de ser contaminado ou acreditar que não terá complicações se for infectado.
Contudo, devemos sempre nos perguntar: O risco é só meu? Depois do Natal e do Ano Novo ficarei em casa por 10 dias sem contato com ninguém? Ou no dia 04 estarei de volta ao escritório, tirando a máscara para tomar um cafezinho? Ou recebendo compras em casa sem máscara colocando entregadores em risco? E se uma dessas pessoas que eu entrar em contato voltar para casa, onde mora uma pessoa idosa?
Nunca se sabe. Não há garantias na vida e na pandemia não é diferente. É muito, muito chato passar o fim de ano sem ver as pessoas que amamos. Mas é muito pior nunca mais vê-las. Em um ano de reinvenções, vamos pensar em alternativas para as tradições de fim de ano. O feriado é a comemoração do aniversário de Jesus, é sobre vida, e não podemos transformá-lo em morte.
* Dúvidas sobre como diminuir o risco de contágio em reuniões familiares, confira esse artigo. Não sabe se é seguro comparecer ao Natal em família? Veja aqui.
*196 pessoas participaram da pesquisa e os dados obtidos nela estão disponíveis para download.
A situação está cada vez mais grave enquanto a preocupação da população apenas parece diminuir. Ótimos dados e análise realmente espero que abra os olhos das pessoas ! Já até encaminhei para meus familiares.
ResponderExcluirObrigada por compartilhar, é importante que essas informações cheguem para as pessoas.
ExcluirÓtima análise. Infográficos muito bem feitos!!! Obrigada por divulgar essas informações, é um grande favor a saúde pública.
ResponderExcluirObrigada a você pelo feedback, isso me motiva a seguir com o trabalho.
Excluir